Bonita, inteligente, trabalhadora. Reconhecida pelos diversos títulos de beleza municipais e estaduais, entre eles, o de rainha da Festa Nacional do Chimarrão, em 2006. Além disso, ganhou destaque como jornalista, profissão que lhe possibilitou atuar em diferentes canais de televisão. Reportou diversos casos de estupro, abuso, assaltos, assassinatos durante a profissão. Até que uma noite sofreu, na pele, a violência que muitas vezes noticiou.
O caso da venâncio-airense Daniela Azeredo aconteceu em São Leopoldo, em 2010. Era por volta de 22h30min e ela tinha acabado de sofrer um contratempo com a chave da porta de casa que quebrou. Mal sabia ela o que lhe esperava, após um longo dia de trabalho, na Capital.
Sem poder entrar no seu lar, procurou uma avenida movimentada para ir até a casa da irmã, que a encontraria no caminho. No percurso o celular toca, ela atende – era a mãe – e logo vê dois homens caminhando em sua direção. Na hora sentiu um frio na barriga e pensou que poderiam lhe assaltar. “Baixei o celular (mas minha mãe continuava na linha) e fui em direção ao meio fio da calçada. Foi então que um deles veio por trás e colocou o braço no meu pescoço e a mão na minha boca e disse “fica quietinha” e começou a me puxar para um canto escuro da calçada. Naquele momento me passou muitas coisas na cabeça”, relata sobre o caso que aconteceu quando tinha 27 anos.
Ao se dar conta de que não se tratava de um assalto e, sim, do risco de ser estuprada pelos dois homens, ela reagiu. “Fechei os olhos e mordi a mão dele com toda a força que eu tinha. Ele gritou e soltou o braço. Foi aí que eu corri e gritava por socorro. Tinha uma mulher na janela de um prédio, ela viu. Mas não fez nada. Simplesmente fechou a janela. Minha mãe ouviu meus gritos pelo telefone e começou a gritar. Meu telefone desligou e ela entrou em desespero”, conta a jovem que faz questão de observar que não vestia roupa curta. Usava roupas de inverno, casaco longo e apenas estava no seu direito de ir e vir em uma via pública.
Eu sei que o certo é nunca reagir. Mas só de pensar no que eles poderiam ter feito comigo, não pensei duas vezes. Preferi lutar mesmo com chances de morrer do que ser violentada.” DANIELA AZEREDO
Enquanto recebia puxões no cabelo, golpes no rosto, chutes, cuspis e ameaças de que iriam esfaqueá-la, ela tentava se defender com os braços. “Juro não sei de onde veio a força mas eu consegui levantar. Ele veio tentar me derrubar de novo, eu agredi ele nas partes baixas. Eu gritava por socorro. Não apareceu ninguém. O outro cara dava risada até que sumiu. E o agressor continuava ali me ofendendo e me agredindo.” Depois da defesa corporal, o cara acabou fugindo com o celular de Daniela. Ele saiu caminhando, como se nada tivesse acontecido. Já ela foi até o hospital onde passou por curativos e também fez o retrato falado do agressor que nunca foi encontrado. Ficou impune.